sexta-feira, 14 de maio de 2010

Marcos, sua interminável história, e sua interminável busca...

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(...)...e então o menino deitou-se à relva e descansou durante longos segundos, de repente um ruído incomodou os ouvidos do pequeno, era ela, a zumbizar, o que ela queria? de onde ela vinha? por que perturbava o único momento que a doce criança tinha para se desligar da realidade que o cercava e mergulhar no maravilhoso mundo dos sonhos? e então uma doce voz ecoa no cérebro de Marcos "venha comigo...", e ele permanece perplexo e com muito medo, conta os passos até seu humilde colchão, onde se deita e fixa seu olhar no infinito. Logo chega José, que morava em um papelão ao lado, pode se dizer que ele é como um pai para Marcos. José tinha muitas virtudes, se embriagar não era uma delas, e é fétido e maltrapilho que o mendigo vira para o garoto e diz com uma voz rouca e um tom alto "que foi moleque?", Marcos estende seu fixo olhar por mais uma fração de segundos e responde seco e friamente "nada”. A jovem mente do menino fervilhava de pensamentos, o que seria aquilo? Quem seria a dona daquela suave voz que o tocou os ouvidos assim como uma bela canção? Agora era ele que se indagava, e num súbito ato de coragem e ousadia Marcos vira pra José e diz: “- é ela. É a minha mãe, ela veio me buscar”, e se debulha em lágrimas. Ele sabia que José não acreditara quando ele disse que sua mãe não havia morrido naquele acidente, e sempre quando o menino profanava pensamentos do tipo, José o cortava com rudes e ásperas palavras, quiçá com tapas, que no seu vasto conhecimento da didática das ruas, serviam para “ensinar esses moleques a não sonharem” e que “a realidade se faz hoje, e a comida nunca cairia do céu”. Depois de tal afirmação, Marcos esperava mais uma seção de palavras vomitadas e pancadas inúteis, porém a sorte de doces palavras estava ao seu lado, José virou pra ele e simplesmente sorriu. Mesmo achando muito estranha a atitude do pseudo pai, ele se levantou, olhou profundamente nos olhos de José e disse um inesperado “-Obrigado”. E sem rumo marcos partiu para algum lugar, ele queria ir mundo afora, não queria ficar estagnado naquela mesma vida, queria ter oportunidades, ser pela primeira vez em sua breve vida, filho.(...)